segunda-feira, 9 de maio de 2011

Música portátil

Música portátil: da fita cassete à computação em Nuvem

Por Flavio Amaral . 07.04.11 - 15h23

 

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A computação em nuvem, que veio para deixar as informações em todos os cantos da internet, e que permite nos acompanhar onde quer que estejamos, deu um novo passo na semana passada. A Amazon lançou um serviço que permite aos usuários comprar músicas na sua loja on-line e guardar em um disco virtual de 5GB para serem ouvidas de qualquer lugar, usando diferentes dispositivos. O nome do produto é Amazon Cloud Player e vem acompanhado do Cloud Drive, que permite o armazenamento não só de áudio, mas de vídeos e documentos.  As músicas podem ser ouvidas através de um navegador, fone ou tablet executando o sistema Android do Google. A ideia é deixar a coleção musical das pessoas na nuvem da mesma forma que fica armazenada e classificada no computador do usuário. Se você viajar para o exterior e não levar seu micro, suas músicas o seguirão.
Ao comprar algum álbum, a capacidade de armazenamento é aumentada para 20GB gratuitamente e as músicas presentes no HD do usuário também podem ser colocadas lá.  Em se tratando de opções, o acervo da Amazon consiste em mais de 15 milhões de músicas. E sim, infelizmente, tanto esse novo serviço como a simples compra de músicas em formato mp3 ainda estão restritos a usuários dentro dos EUA.

Os desafios da estratégia on-line

O lançamento teve como alvo sair na frente dos concorrentes Google e Apple, mas não foi bem visto pelas gravadoras e estúdios de cinema. Eles alegam que ajustes contratuais devem ser feitos para esse novo modelo de negócio. Mais uma vez, a velha forma de se pensar tentando conter algo que não pode ser contido mais: a difusão do conhecimento e de informações na internet.
Infelizmente as gravadoras e estúdios ainda pensam na forma antiga, em que o mundo ainda é dividido em países e regiões. Cada país deve ser tratado de forma diferente e os lançamentos agendados individualmente. O problema é que a internet não conhece fronteiras e algo  que é lançado em um lugar já está disponível para todo o mundo no mesmo instante. As redes sociais, blogs etc. ajudam a espalhar a notícia e são um marketing gratuito e poderoso (e que pode ser usado a favor). Observem que os editores de livros não seguiram esse modelo e um livro recém lançado em inglês nos EUA já pode ser vendido e entregue no mundo todo. Isso ajudou a vender mais e a deixar editoras e autores conhecidos internacionalmente. A própria Amazon cresceu nesse modelo. Mas, nem mesmo vendo essa história de sucesso é capaz de mudar velhas correntes de pensamento.
Todas as tentativas de colocar fronteiras no mundo on-line fracassaram e o resultado disso foi o aumento da pirataria. Quem não se lembra da divisão do mundo em 4 zonas para os DVDs? Além de não ter a adesão dos fabricantes dos tocadores (todos tinham uma sequência de teclas para liberar os aparelhos) foi quebrado por um adolescente na Noruega em 1999.
Acredito que se for legalmente possível, a melhor forma de se vender conteúdo na internet hoje é entender que só existe um único mercado: o mundo inteiro. Os contratos devem ser ajustados para essa nova realidade, pois lançar um produto em um país ou região e deixar os demais sem nada só vai incentivar as cópias e downloads ilegais. Ninguém quer esperar meses por algo que já está disponível e comentado na rede. Um indicativo de que os usuários pagam quando o conteúdo é disponibilizado legalmente são as estatísticas de relatório de tráfego de internet de algumas empresas. Tanto a Cisco quanto a Sandvine informaram nos seus relatórios que o vídeo vindo de fontes legítimas ultrapassou o tráfego peer to peer nos EUA. Isso é um sinal claro de que as pessoas querem consumir conteúdo de qualidade e dentro da lei.

O futuro

A Sony revolucionou o conceito de portabilidade com o Walkman no final dos anos 70. Os anos 90 viram o compartilhamento de música na internet com programas como Napster e Audio Galaxy. A Apple revolucionou no começo dos anos 2000 com seus iPods e iTunes. E agora temos as músicas em todo lugar.
O próximo passo que deve ser dado é as gravadoras e estúdios se adaptarem a essa realidade e venderem seus conteúdos globalmente. Será que na cabeça desse povo não entra o conceito que a notícia de um lançamento já roda o mundo todo em poucas horas? Estratégias globais vão aumentar os lucros, diminuir a pirataria e incentivar o consumo. As redes sociais com seus grupos de fã clubles podem ser usadas como um mecanismo de marketing para alavancar vendas.
Curiosamente, estava vendo um receiver para comprar e vi que alguns já possuem conexão com a internet para acessar serviços de músicas on-line. Fico imaginando que em muito breve nosso acervo musical vai ser totalmente digital e virtual.
 Fonte: Yahoo!Notícias

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