Grupo projeta uma 'Disney' no RN
Publicação: 11 de Setembro de 2012 às 00:00
Andrielle Mendes - Repórter
O
consórcio formado por empresas espanholas, alemãs, árabes e
brasileiras, representado pela espanhola Alondra, confirmou ontem que
pretende dar entrada nas licenças ambientais do primeiro parque temático
de energias renováveis do mundo - projetado para o Rio Grande do Norte -
ainda este ano. O projeto executivo deve ser finalizado até dezembro. O
local - que segundo divulgou a Folha de São Paulo seria a cidade de
Touros - ainda não foi escolhido. Três terrenos estariam no radar do
consórcio.
DivulgaçãoO
projeto, batizado Enerland - The Power of Fun (Terra da Energia - O
Poder da Diversão), prevê a instalação de parques eólicos e hotéis
As
áreas já estão sendo mapeadas para facilitar a escolha, mas as
localizações não foram divulgadas "para evitar especulação". A
informação foi repassada à TRIBUNA DO NORTE pelo CEO (espécie de diretor
executivo) no Brasil do parque Enerland - como foi batizado o projeto -
Rodrigo Silva. Ele se reunirá com o governo do estado na próxima
semana.
O projeto, que começou a ser elaborado há quatro anos e
já foi apresentado ao governo do estado (na semana passada), ao
Ministério do Turismo, ao da Integração e ao de Minas e Energia, está
orçado em 3 bilhões de euros (cerca de 7,7 bilhões de reais). Ele
contempla cinco parques temáticos, um centro comercial, 15 montanhas
russas e sete resorts com capacidade para 35 mil pessoas. O complexo
também funcionará como laboratório para novas tecnologias em energias
renováveis.
O consórcio espera inaugurar a primeira parte do
empreendimento - o equivalente a 40% do projeto - antes da Copa de 2014.
Setenta por cento do projeto deve ser concluído até as Olimpíadas de
2016. Segundo previsão do consórcio, o empreendimento estará pronto em
2019, quando poderá receber até 12 milhões de pessoas por ano, mais do
que o dobro do que o Brasil recebe (cerca de 5 milhões). Os estrangeiros
serão o público alvo. O parque - que seguirá os moldes da Disney e
também terá atrações norte-americanas e espanholas - será
autossustentável. "Será uma cidade inteligente totalmente controlada por
sistemas automatizados e sustentável no que se refere a água, ar, solo e
energia, sendo esta última 100% produzida através de energias
renováveis instaladas no próprio parque: energia eólica, solar,
biomassa, biogás, hidráulica, geotérmica, térmica, entre outras",
esclareceu por e-mail o diretor geral da Alondra, Manuel Rojas Saume.
Embora
a Europa, continente de origem de algumas das empresas integrantes do
consórcio, enfrente uma das crises econômicas mais severas dos últimos
anos, Rodrigo Silva, CEO do parque no Brasil, acredita que recursos não
serão problema.
A Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste (Sudene), segundo informou Adonis Oliveira, coordenador geral
de Estudos e Pesquisas de Desenvolvimento do órgão, poderá financiar
entre 20% e 30% do projeto. "Porque nem tudo o que está previsto no
projeto, como os parques eólicos, pode ser financiado pela Sudene",
esclareceu. O restante poderá ser financiado por bancos como o BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento) ou fundos de investimentos
nacionais e estrangeiros. O próprio consórcio colocará dinheiro do
próprio bolso no empreendimento.
Só na primeira fase - que
inclui elaboração de estudos e projetos e instalação da filial no Rio
Grande do Norte - consumirá cerca de 300 milhões de reais. A execução do
projeto será acompanhada de perto pelos secretários de Desenvolvimento
Econômico, Benito Gama; do Turismo, Renato Fernandes; do Planejamento,
Obery Rodrigues; e do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Gilberto Jales,
informou a governadora Rosalba Ciarlini, que vê o parque temático como
impulsionador do turismo local.
Além da vocação do estado para o
turismo e para a geração de energia limpa, fatores como a localização
do estado, a economia pujante - apesar da desaceleração - e participação
crescente das fontes de energia renovável na matriz de energia pesaram
na escolha do Brasil.
Segundo a Sudene, a Alondra, empresa
espanhola responsável pelo projeto, é uma empresa sólida com projetos
inclusive no Brasil, na área de infraestrutura. A empresa foi
responsável, segundo o órgão, pela construção de estradas no Estado de
Rondônia.
ENTREVISTARodrigo Silva, CEO no Brasil do Enerland
"O parque pode aumentar o número de turistas que visitam o Brasil anualmente"Em
entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o CEO no Brasil do "Enerland - The Power
of Fun" (Terra da Energia - o Poder da Diversão), Rodrigo Silva, falou
sobre a experiência das empresas integrantes do consórcio em energias
renováveis, sobre a inediticidade do projeto e sobre o desafio do estado
para receber um empreendimento desse porte.
As empresas têm experiência nesta área?Trata-se
do primeiro parque temático de energia renovável do mundo. O parque é
pura engenharia. As empresas que integram o consórcio têm experiência em
energias renováveis - concentradores solares, plantas fotovoltaicas,
plantas eólicas. Também existem empresas dentro do consórcio com
experiência na parte de arquitetura. Já as atrações serão compradas nos
Estados Unidos e Espanha.
Qual o público-alvo?A
ideia é atrair o público estrangeiro, que virá durante a Copa de 2014
e as Olimpíadas de 2016. Também queremos atrair os brasileiros. Hoje,
os maiores consumidores da Disney são os brasileiros. Porque ir aos
Estados Unidos se vamos dispor do produto como esse dentro do próprio
país? O Brasil recebe 5 milhões de turistas por ano. Este número é muito
pequeno. O projeto pode aumentá-lo.
Não haverá dificuldade em atrair público?Não. O projeto foi estudado.
Por que o grupo escolheu o Brasil?Por
vários fatores. O Brasil é líder em renováveis. É exemplo de
sustentabilidade para o mundo. O Brasil faz parte do BRICS. Tem uma
economia forte e estável. O povo brasileiro tem um jeito diferente de
ser completamente diferente dos outros países.
Como vai ser o parque?Cada
parque temático será inspirado num continente. Ele terá os seus
próprios personagens. Além dos heróis, ele terá os seus vilões. Também
vai ter paradas como a da Disney, com personagens e show de luzes.
Qual o desafio do RN?O
RN vai ter que se adequar. Não adianta nada criarmos um grande exemplo
de sustentabilidade e o cidadão andar pelas ruas e ver sacos e sacos de
lixo. O estado vai ter que caminhar rumo a sustentabilidade se não o
projeto vai ser contraditório.
Sudene é tema de palestra em ConferênciaO
papel da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) - uma
das entidades que podem financiar o parque temático Enerland - foi tema
de palestra ministrada ontem durante a Conferência Estadual de
Desenvolvimento Regional do Rio Grande do Norte. O evento, promovido por
entidades como o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), segue
até amanhã em Natal, e tem como objetivo colaborar com a atualização do
Plano Nacional de Desenvolvimento Regional, de 2003, cujo objetivo é
reduzir as desigualdades regionais e ativar as potencialidades de
desenvolvimento das regiões brasileiras.
Albertina de Souza Leão
Pereira, coordenadora de Gestão da Informação da Sudene, recebeu a
missão de falar sobre o momento vivido pela autarquia - criada em 1959,
fechada em 2001, em meio a denúncias de corrupção, e recriada em 2007
com atuação nos Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e alguns municípios de
Minas Gerais - e apresentar as propostas da Sudene. "Queremos que
entidades regionais como a Sudene sejam inseridas no sistema de
monitoramento e acompanhamento da Política Nacional de Desenvolvimento
Regional", defendeu Albertina, uma das primeiras palestrantes do dia.
Mensagem que tem sido transmitida em todas as conferências estaduais.
A
secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec) aproveitou a
ocasião para assinar um acordo de cooperação com a Federação das
Indústrias do Rio Grande do Norte e com a Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI) para estimular o desenvolvimento do
RN.
SERVIÇO: A
Conferência é realizada no Hotel Parque da Costeira (Av. Senador Dinarte
de Medeiros Mariz, 1195, Ponta Negra - Natal/RN). As inscrições são
abertas ao público e devem ser feitas pelo site: www.ipea.gov.br/code.
Fonte:
Jornal Tribuna Do Norte